quinta-feira, 17 de outubro de 2013

É só uma carta de feliz aniversário

Oi, paizinho!

Hoje o senhor completaria 63 anos. Lembro do último dia que comemoramos essa data juntos. Ainda tenho as fotos. Recebemos familiares e amigos lá na nossa casa de Abadia de Goiás, cantamos suas músicas preferidas da igreja e te entregamos flores, umas vermelhas que nasceram no quintal de casa. Foi em 2000.

Também lembro do seu último aniversário, paizinho, 17 de outubro de 2001. Não tínhamos tantos motivos para comemorar naquele dia. Fomos ao hospital, onde o senhor estava internado há algumas semanas, diagnosticado com câncer. O Dedé te presenteou com um relógio, que o senhor tentou colocar mesmo com o pulso inchado e imobilizado pelo soro.

O senhor beijou minha testa, como sempre fazia para demonstrar seu carinho comigo, e prometeu que voltaria logo para casa. Promessa que eu alimentei a cada dia, a cada ida naquele hospital, a cada olhada para os seus pertences lá em casa, em cada silêncio presenciado naquela casa que era enorme sem o senhor lá, fazendo suas conservas, trocando a água do filtro, me acordando cedo, me oferecendo jurubeba no jantar, lutando para manter a TV no canal do jornal, lendo a bíblia todos os dias antes de dormir.

Tudo isso já fazia falta naqueles dias angustiantes que passamos, até chegar um dos piores dias das nossas vidas. Dia 3 de dezembro de 2001, às 16 horas, meu telefone tocou, era minha irmã:
– Meu pai faleceu!

Entrei em pânico, não sabia o que fazer. Abracei minha gerente e chorei. Chorei como alguém que ainda tinha esperanças e, de repente, já não tinha mais nada. Chorei como se nada mais fizesse sentido na minha vida. Como se algo tivesse desligado os meus ouvidos e soltado um oceano de lágrimas pelos meus olhos ao mesmo tempo. Chorei como alguém sem fé, incrédulo.

Chorei até no outro dia, quando minhas lágrimas secaram. Fomos pra casa todos juntos, menos um. Éramos quatro agora, sem você, paizinho. A casa ficou pior, ficou sem graça, sem esperança. Tantos anos já se passaram e ainda não consigo conter as lágrimas de saudade, de vontade de te ver, te abraçar, te contar como é minha rotina de jornalista e saber se você tinha histórias parecidas de quando trabalhava no Correio Brasiliense, te dar feliz aniversário e olhar pro seu sorriso. O senhor sempre estava sorrindo.

As pessoas falam e até eu mesma já dei conselhos dizendo que com o tempo nos confortamos, acostumamos com a ausência e passamos a lembrar somente das coisas boas que vivemos juntos. Mentira! Palavras de quem não sabe o que dizer.

Paizinho, você não imagina a falta que faz. Mas eu ainda sinto sua presença. Ainda sinto que o senhor me vê de algum lugar. É por isso que converso tanto com você antes de dormir. Sei que está aqui. Só não sei se está orgulhoso, se aprova minhas escolhas e atitudes. Mas sabe o que eu realmente queria? Poder te dar um abraço bem forte, elogiar sua camisa verde, aquela que o senhor gostava de usar em datas especiais e a gente implicava, e dizer como eu te amo.

O senhor era a pessoa que eu mais gostava no mundo. Sinto saudade das nossas brincadeiras, do banco imobiliário, da mini senha, daquela dama que o senhor mesmo fabricou, do jogo de botão, do truco, daquela máquina de mortal kombat que tinha no seu bar, da sinuca ou snooker, como o senhor gostava de chamar e, principalmente, desse pai presente, compreensivo, de bons conselhos, brincalhão, divertido, sorridente e caridoso. Feliz aniversário, paizinho! Sei que ainda vou te ver outra vez. 




sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Cansei de impostos. Quero retorno!

Ontem vi no jornal que os goianos vão ter que pagar pedágio nas rodovias estaduais. Parece que já está rolando o processo licitatório da empresa que terá um contrato de 35 anos, o que significa mais impostos. Aí alguns soltam: “Aaaah, mas vai melhorar as estradas!”. Espera aí, e o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores)? Não era pra melhorar as estradas? O que aconteceu com essa verba – que não é pouca –, que deveria ser revertida para a manutenção da nossa infraestrutura? O gato comeu?

Mas minha indignação não nasceu da notícia do pedágio. Ela começa bem antes, desde o contracheque. Uma pessoa que recebe três mil reais por mês, por exemplo, mais de 300 reais que não compra nem uma calça pra uma jovem de 16 anos é o que fica com o governo, que arranca tudo da gente à força e ainda nos chama de contribuinte. Sem contar que tudo, TUDO MESMO, que nós consumimos, pagamos imposto sobre a compra. Fora isso, ainda temos que pagar caro por saúde e educação, já que o governo não consegue nos atender com qualidade.

Gente, isso tá errado! Quer terceirizar? Beleza! Sou totalmente a favor de um serviço privado de qualidade que desafogue o governo. Mas os impostos precisam ser diminuídos. Ninguém aguenta mais pagar esse tanto de conta e não ter atendimento adequado no mínimo de serviços básicos para a qualidade de vida do ser humano. Sei que esse assunto é bem complexo e essa discussão vai longe. Só quis desabafar um pouco e expor minha insatisfação.



terça-feira, 8 de outubro de 2013

Você dá seta ou dá o cu?

Desculpem-me pelos palavrões, mas se alguma palavra desse texto lhes ofender, a culpa é do trânsito de Goiânia. Esse labirinto do inferno pelo qual preciso passar todos os dias. Depois de anos sofrendo nesses engarrafamentos, cheguei à conclusão de que os motoristas goianienses se dividem em dois grupos: os que não sabem usar a seta e os que não respeitam a seta.

Eu vi um meme na internet com a frase: "Gente, seta não é igual cu não, vocês podem dar a vontade" e concordei. Não custa nada mover levemente aquela alavanca que fica grudada no volante. Vai com fé, não precisa ter medo. Não dá LER. Qual a dificuldade em dar seta antes de pegar outra faixa ou sair do estacionamento? A mão vai cair? Tá na hora de começar a utilizar essa incrível invenção que ajuda a gente a saber pra onde vocês vão. Pois, infelizmente, eu ainda não tenho uma bola de cristal que me indique onde e quando você vai virar.

Eu tô cansada, sabe? Cansada de dar seta na rua pra passar pra outra faixa e ninguém me dar passagem. Cansada de dar seta, abanar a mão, colocar o braço, a cabeça pra fora e sorrir pedindo pra vocês me darem passagem, enquanto vocês aceleraram ao máximo para que eu não consiga mudar de faixa, seus veados. Que coração ruim é esse de vocês? 

Acho que já tá na hora do Detran incluir um teste de gentileza pra ter CNH. Outro comportamento que me deixa bastante irritada são aqueles espertinhos que criam uma terceira mão no engarrafamento e quando dá de cara com um carro estacionado, fica pedindo passagem pra quem tá há horas parado ali. Parem! O acostamento não é de uso e fruto de vocês, apressadinhos. Que vergonha! Se preciso, saiam de casa mais cedo, mas parem de fazer feiura no trânsito.

E os motoqueiros selvagens? Que me perdoem os prudentes, mas como motociclistas, vocês são ótimos costureiros. Dá pra parar de me deixar desesperada? Vocês surgem do nada com aquele barulhão, quase arranca o retrovisor dos carros e entra na nossa frente o tempo todo como se fossem um câncer se espalhando nas vísceras da cidade. Sem contar que um bateu na minha traseira, comigo parada no sinal fechado, e fugiu.

Os condutores de ônibus nem se fala. Campeões mundiais em fechar carros nas rotatórias. Vocês não se lembram da regrinha do Detran não? Não! Não é a dos carros são como as lanchas. Os maiores cuidam dos menores.  Qual a dificuldade de seguir as regras básicas de trânsito vocês tem? Todos sabem que nossa infraestrutura já não é das melhores, então, vamos colaborar com o coleguinha. Já basta os sinaleiros que param de funcionar com qualquer mijada de cachorro no poste as chuvas.

Lembram daquela campanha da Rádio Interativa? Gentileza gera gente folgada gentileza! Vamos ser mais gentis, pessoal. Coloca mais amor no coração e avisa a moça do lado que a porta dela tá aberta. Dê passagem pra pessoa que dá seta. Parem na faixa de pedestre, mesmo que só tenha uma pessoa esperando. Pare de parar cinco metros antes do sinal, só porque tem uma sombra. Use filtro solar! E, pelo amor de Deus, parem de usar a buzina com tanta frequência. Se conseguirem fazer isso, tenho certeza que seremos pessoas mais felizes na ida para o trabalho e na volta para casa. E você, o que te irrita no trânsito de Goiânia?