quarta-feira, 2 de março de 2011

Cadê essa tal de felicidade?


Me formei na profissão que desejava, consegui o emprego que queria, encontrei alguém que gosta das mesmas coisas que eu, tenho uma família linda, mas ainda não me sinto feliz. Parece que sempre me falta alguma coisa. Das duas uma: felicidade não existe ou realmente falta alguma coisa. A pergunta que não quer calar: o que? É verdade que eu já vivi momentos em que eu quis parar no tempo, viver só aquilo e ter aquele sentimento para o resto da vida. Mas foi tão passageiro. Foram só momentos.

Ouvi alguém dizer que as oportunidades de ser feliz passam poucas vezes na vida da gente, às vezes uma só. Talvez a minha tenha passado ou vai passar quando eu tiver 50 anos. Como eu vou saber? Mesmo carregando conquistas que muitos não conseguiram em uma vida toda, sinto que o tempo está passando e eu não estou vivendo. Só deixando o tempo passar.Talvez eu permita que as pessoas decidam tudo por mim. Talvez me falta fazer mais viagens, conseguir mais dinheiro. Mas, as vezes, penso que a felicidade não está nisso também. Seriam só mais momentos.

Talvez me falte mais amigos. Mas tive mais decepções do que amizades verdadeiras. Posso contá-las nos dedos das mãos do Lula. Talvez eu seja chata, fale demais, seja ciumenta, leiga, grossa e com isso tenha afastado as pessoas. E talvez seja por isso que eu nunca tenha conseguido responder decentemente a pergunta “Quem sou eu” das redes sociais. Por medo de ter que listar somente defeitos. Mas o que é defeito pra mim, pode ser qualidade para outra pessoa. Partindo por esse raciocínio, talvez eu seja sincera demais, espontânea e cuide do que é meu. Mas nem todos pensam assim.

Eu não acho que sou uma má pessoa. Talvez não consiga escrever minha própria biografia pelo simples fato de não ter preferências. Gosto de tudo. Sério! Até jiló me agrada. Nunca fui capaz de listar comida predileta, cantor favorito que quero ir no show antes que ele morra.. essas coisas. Até me considero gente boa. Apesar de às vezes ser insensível e fingir não me importar (eu me importo com tudo e qualquer coisa me tira o sono), eu gosto de fazer as pessoas rirem, contanto piadas. Toco violão também, mas não sou do tipo que toca Legião Urbana nas rodinhas. Toco pra mim, no meu quarto, principalmente quando estou chateada.

Sinto muito a falta do meu pai e talvez seja a ausência dele que não me deixa ser feliz. Eu teimo em pensar que se ele estivesse vivo, tudo seria diferente. Sou muito emotiva. Choro na maioria das vezes que vejo um pedinte e trato cachorros como se fossem pessoas. Tenho vontade de fazer amizade até com quem eu sei que não gosta de mim. Igual aqueles políticos que querem buscar os votos da oposição. E olha que eu já consegui essa façanha. Talvez essas atitudes englobam o que todo mundo chama de “bom coração”.

Talvez me falta rezar mais ou escrever mais sobre mim, pois nesse momento já me sinto bem menos revoltada com a vida. E agora eu consegui entender porque Vinícius de Moraes gostava tanto de escrever na banheira e chegou até a morrer nela. Foi no banho que eu pensei em tudo isso que escrevi e é no banho que eu mais choro quando estou magoada e canto quando estou alegre. Talvez eu tenha escolhido a profissão errada, nascido uma época depois, vivido no país trocado ou talvez, o que me falta é apenas uma banheira de espuma.